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8 de junho de 2015

Mãos de mãe

Querida mãe,

Posso tocar nas tuas mãos? Deixa-me segurá-las junto das minhas e proteger-te do rumo da vida. 

Conta-me outra vez aquela história. Aquela em que eu caí e tu, com as tuas mãos jovens e delicadas me seguraste no colo e limpaste os arranhões dos joelhos. 


Ou então lembra-me outra vez como é doce sentir as tuas mãos em meu redor, amparando-me o choro quando estou triste.

As tuas mãos contam tantos contos, mãe. Cada sombra enrugada na tua pele é uma memória que contas. E cada lembrança que partilhas comigo é um presente que nunca esquecerei.

As tuas mãos estão cansadas pela vida severa que lhes deste, mãe. Mas quero pedir-te que me agarres nas tuas mãos só mais uma vez.

Eu sei que já não tens a mesma força, mas as tuas mãos são o escudo que sempre me protegeu quando eu era pequenina. E hoje sou eu quem te deve proteger. Hoje, as minhas mãos aconchegam as tuas.

E quando não conseguires bordar os cantos para os panos da cozinha, eu irei buscar linha e agulha, pedindo-te que me ensines o ofício da costura. Quando não te for possível abrir o frasco do café em pó, eu irei buscar uma caixa de plástico com uma etiqueta para nunca te esqueceres de onde está a mistura do pequeno almoço. Quando escovar o teu cabelo se tornar difícil, eu tirar-te-ei a escova das mãos trémulas e farei um penteado bonito no teu cabelo grisalho.

Porque as tuas mãos igualam as minhas, e as minhas mãos são tuas. Foi com elas que me ensinaste a comer, a caminhar e a ser independente. E, por isso, hoje eu dou-te a mão e caminharemos juntas com os teus dedos abraçados nos meus.

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