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22 de dezembro de 2015

Dias curtos

Tenho frio.
Envolvo-me na manta, desejando que fosse o teu abraço, e tento desesperadamente aquecer-me com um copo de vinho. Mas a neve que cai lá fora gela-me o coração. Assim como tu o gelaste no dia que foste embora para nunca mais voltar...

11 de dezembro de 2015

És só tu

Este é para ti. Sim, para ti... 
Tu que me lês como ninguém. 

Tu que, mesmo nos teus dias sombrios, tiras um pouco do teu tempo para me ouvir.

E eu sei o quanto te custa lutar contra o sono nos dias em que te peço para me embalares até adormecer.

2 de dezembro de 2015

Momento


Posso pedir-te para ficar?

Fica. Só mais uns instantes. 

Deita-te comigo e espera que os meus olhos cedam ao sono. Deita-te aqui ao meu lado e abraça-me até de manhã.

24 de novembro de 2015

A ti que me olhas

A ti que me olhas com pesar, apenas te peço: não me olhes de todo. As dores que me adornam o corpo já pesam o suficiente.

Se queres olhar para mim, porque não vês que o peso que carrego todos os dias não me coube a mim escolher?

19 de novembro de 2015

Minha Princesa

19 de Novembro de 2015

Minha princesa,

A alegria que invade o meu coração é maior que o céu azul quando penso em ti. Quando nos abençoas-te com a tua chegada, senti o coração apertado de amor e quando te vi pela primeira vez, eras ainda tão pequenina e tão frágil.

17 de novembro de 2015

Sopro

Fazes-me falta. A tua ausência incomoda. Levaste contigo a vida e o que dela fazia sentido e o vazio que deixaste aqui permaneceu intacto, descolorindo as flores, calando os pássaros, secando o mar, os rios e a chuva. 

5 de novembro de 2015

Sonhar

O poeta disse um dia que somos do tamanho dos nossos sonhos, atestando que guardava em si todos os sonhos do mundo.

Não podia estar mais certo e, no entanto. estava tão errado!

23 de outubro de 2015

146 dias

O café está cheio de gente e o cheiro a pão quente mistura-se com os perfumes das mulheres que por mim vão passando. 

Acendo outro cigarro e tento queimar o tempo bebericando o abatanado que acompanha a torrada que não vou comer. 

Perdi-a há cinco meses e a minha fome foi-se com ela. 

28 de setembro de 2015

Mea Culpa

Culpei-me pela tua partida.

Acusei-me de ter desistido de ti e de nós. Fomos morrendo e responsabilizei-me por isso. Ficámos perdidos, sem rumo e sem sentido e nem percebemos que o fim chegara. Pareceu-me um fim tão fácil, que julguei até nem ter existido um início. 

Mas a verdade é que me cansei.

25 de setembro de 2015

Nem com ele, nem sem ela



Ela ama-o. Ele não sabe viver sem ela.
Ela deita-se a pensar nele. Ele lembra-se dela assim que acorda.
Ela chora, e ele sabe-o de longe. 
Ele zanga-se e ela lê a sua raiva nas palavras.
Ela sofre, e ele sente as dores no seu corpo. Ele está feliz, e ela sorri.

18 de setembro de 2015

Setembro



É setembro e o sol já não é tão quente assim; a noite chega cada vez mais cedo e chega com ela a ansiedade de não te ter por perto. 

É ao cair do sol que mais te sinto a falta.

3 de setembro de 2015

Ser forte

Tu és forte.
Tu vais vencer isto.
Tu vais ser um exemplo.
Todos os dias me repito estas frases. Todos os dias tento cumprir com elas. 
E, na grande maioria deles, falho redondamente. 

28 de agosto de 2015

Luar

A lua estava cheia como um balão de ar quente e o seu branco brilhante era graciosamente divino. As estrelas brincavam no manto do céu, inundando os olhos dela com a sua luz intermitente.

Sentou-se no beiral da janela, e ergueu o olhar para os céus, deixando o cabelo negro como a noite escorregar-lhe pelas costas.

24 de julho de 2015

Eu vou contigo

Todos os dias me pergunto por onde andas.

Se estás bem onde estás e se és feliz com quem estás.

Confesso que, sendo o ser egoísta que conheceste, desejo ainda secretamente que a solidão seja a tua companhia marital. 

Lembro-me de cada pormenor daquele dia no aeroporto.

26 de junho de 2015

Malmequer

Tenho tentado dizer-to... 

Procurei no meu ser as palavras certas para te confessar o que me vai no peito, mas não me parece que tais palavras possam existir neste mundo. 

Questiono-me até se tu serás daqui, ou de um outro mundo em que a perfeita imperfeição seja impreterível ao nascer.

24 de junho de 2015

Essa tua ideia

Desejas-me só para ti. Sussurras-me que sou só tua. Dizes que não me queres perder. Por entre linhas e parágrafos, confessas que me amas.

Mas tu não estás apaixonado. Tu não me prendes nos teus braços; nem um bocadinho. Eu vou fugindo por entre os teus dedos, e tu não me agarras. Tu não chamas pelo meu nome quando te deitas, mesmo que te lembres de mim antes de adormecer e logo que acordas.

23 de junho de 2015

Meu pedaço de mim

Pequenino anjo,

Os teus olhos de brilho pérola reflectem o brilho do meu sorriso. Será que percebes que és o motivo de tamanha felicidade? Consegues entender que toda a riqueza dos sete mundos em nada se compara ao amor que trago no peito? 

22 de junho de 2015

Dançar na chuva

Vai ficar tudo bem. Amanhã já passou. Tu és forte, vais ver que vences isso.

Quantas e quantas vezes eu quis ouvir estas palavras? Mais que isso, quantas vezes quis acreditar nelas? Quantas vezes me agarrei aos dizeres populares como "quem espera sempre alcança" ou "depois da tempestade vem a bonança"?

18 de junho de 2015

Desamor


Enquanto a lua adornar o céu, não me irei lembrar mais de ti. 
Não quando no brilho do mesmo luar me deixaste para trás.

Enquanto os rios fluírem, não te darei mais de beber. 
Não quando a minha sede não saciaste quando implorei a tua água.

17 de junho de 2015

Ponto de luz

Era uma noite de Junho e a algazarra das festas da aldeia era notória. Todas as ruas estavam decoradas com fitas brilhantes de todas as cores.

O aroma inconfundível a manjericos misturava-se com o cheiro apetitoso das sardinhas, e a música popular ecoava do palco com pedidos de um balão ao São João.

15 de junho de 2015

E se eu cair?

Tinha jurado a mim mesma que não cairia de amores por mais ninguém. 

Até porque são poucas as coisas que caem e não se partem. 

E mesmo que permaneçam inteiras, as mossas são visíveis até ao fim dos tempos.

12 de junho de 2015

Pássaro livre

Há muito, muito tempo, eu era livre.

Livre de escolher o que queria e quem queria. E por isso te escolhi a ti. Eras tu quem eu queria ter por perto e era contigo que eu queria voar.

Lembro-me dos nossos finais de tarde a ver o pôr-do-sol na praia e de como ficávamos sentados na areia horas a fio a olhar o horizonte.

9 de junho de 2015

Que nunca por vencidos se conheçam

Todas as auroras eu vestia o meu fato de coragem à prova de derrotas e carregava às costas o meu seguro de vida. Passaram quase vinte anos e ainda sinto o peso da minha mochila verde. 

As caras cansadas dos meus camaradas ainda me aparecem em alguns pesadelos embalados pela recordação dos estrondos que saiam dos canos das nossas armas. 

8 de junho de 2015

Mãos de mãe

Querida mãe,

Posso tocar nas tuas mãos? Deixa-me segurá-las junto das minhas e proteger-te do rumo da vida. 

Conta-me outra vez aquela história. Aquela em que eu caí e tu, com as tuas mãos jovens e delicadas me seguraste no colo e limpaste os arranhões dos joelhos. 

5 de junho de 2015

Da minha janela


Todos os dias ele vai ao mesmo café, pela mesma hora. Não sei se pelo delicioso cappuccino de baunilha que lá fazem, se pela elegante morena que lho serve com um sorriso invejável. Ele entra às 9:05 da manhã com o jornal debaixo de um braço e a pasta de couro no outro, seguindo para a mesma mesa de sempre.

4 de junho de 2015

Amor próprio

Aqui estamos, despidos de defesas, decorados com todos os nossos defeitos e com todos os nossos segredos espelhados na troca de olhares.

Entrego-te este frasco bonito, neste lugar sem nome, numa época sem data. Aqui deves guardar o sentimento que invade as artérias e o motivo porque o coração canta todos os dias: o amor. 

22 de maio de 2015

Abraça-me


Shhhhiu...

Não digas nada... 
Abraça-me apenas...
Não quero que perguntes como foi o meu dia; tu sabes que estar longe de ti faz os dias passarem miseravelmente devagar.

21 de maio de 2015

Tempo


Quando foi que se tornou tão insuportável não poder estar contigo?
Em que momento o teu abraço passou a ser uma necessidade diária?
Em que dia percebi que ouvir a tua voz era a minha parte favorita dos meus finais de tarde?

20 de maio de 2015

Minha outra metade


Ainda não te conhecia e já eras tão importante para mim.

Estaria a mentir se dissesse que me lembro do primeiro dia em que te vi e por isso te peço perdão; é que passaram-se os anos e pedaços da minha memória começam a falhar. Mas prometo-te que até que o meu corpo exale o seu último sopro de vida, lembrar-me-ei de ti todos os dias.

18 de maio de 2015

Não me largues


Fala comigo. Diz o meu nome. Agarra-me nas mãos e puxa-me para ti.

O meu nome na tua boca tem outro timbre, outro sabor; e as palavras que o envolvem são tiros certeiros na minha alma. 

12 de maio de 2015

Para sempre comigo

Entraste na minha vida discretamente. Não me lembro ao certo quando foi, mas sei que a primeira vez que dei por ti ainda estudava no liceu. No início a timidez apoderava-se de ti e mal dava pela tua presença, mas desde que me magoei no joelho senti que irias estar sempre comigo.

Apesar dos anos em que poucas oportunidades houve de estarmos juntos, fazias com que cada momento que passássemos fosse inesquecível.

8 de maio de 2015

Lembranças

Ontem lembrei-me de ti mesmo antes de adormecer. Lembrei-me da primeira noite que passámos juntos na tua casa, nos teus lençóis que nos envolveram naquele calor de verão. E recordei o teu corpo envolto no meu e o carinho do teu abraço quando me disseste que era só tua.

30 de abril de 2015

Domingo

Era um domingo de Junho e eu teria metade de uma década de vida. O dia estava solarengo, com uma temperatura que convidava a dar um mergulho acrobático no tanque rústico que o avô enchia com a água gelada do poço.

Apenas passeava uma brisa envergonhada no ar, envolvendo o ambiente daquela tarde em família.

24 de abril de 2015

23 de abril de 2015

Lágrima

Ela tentava esconder-se de tudo e de todos, manifestando-se apenas na escuridão da noite, onde não a conseguiam ver.

Envergonhada e delicada, mantia-se clandestina, ocultando a sua existência melindrosa.

21 de abril de 2015

Mal de amor

Ela acordou animada pela ideia de que estaria com ele no final do dia.

Vestiu as suas calças mais sexy e estava a usar a lingerie nova pela primeira vez, escondida pela camisola que destacava a cor dos seus olhos.

14 de abril de 2015

À espera da Primavera

Falta um quarto de hora para as seis da tarde, e está um dia primaveril carregado de flores.

O sol está baixo e queima-me os braços enquanto espero por ti. Concordámos ir beber um café na pastelaria perto da tua casa às cinco e meia. Os minutos passam e a minha perna inquieta já coseu um fato completo à espera que tu apareças. E eu sei que vens, mas... Porque é que me fazes esperar por ti?

24 de março de 2015

Sede

Quero-te.

Quero-te fora de mim. Fora da minha cabeça inundada de pensamentos pecaminosos que tu incutiste, com esse teu corpo devasso e guloso.

E quero-te dentro de mim. Dentro do meu íntimo que ferve com a sede que tem do teu toque tão explícito e desenvergonhado.

20 de março de 2015

Mulher de Fibra

Depois de tantas tentativas falhadas, resolveu consultar um especialista na clínica privada. O cenário que a rodeava na sala de espera era avassalador. Ninguém naquela sala teria menos que o dobro da idade dela. Muitos se faziam acompanhar pelos seus filhos que também já tinham cabelos brancos, e teriam também filhos seus.

24 de fevereiro de 2015

Impotência

O vapor exagerado da água quente do chuveiro embaciara as paredes de azulejo, e o espelho reflectia uma névoa caseira com aroma a toranja.

Ele encontrou-a sentada no chão do duche, com a cabeça apoiada no banco que ele tão atenciosamente colocara lá, como medida necessária.

18 de fevereiro de 2015

Morrer por amor

Sentados na esplanada, falavam das férias maravilhosas que estavam a ter.

Ele bebia uma cerveja acompanhada de caracóis, e ela bebericava o sumo pela palhinha que ia roendo entre os goles.

Ele vestia apenas os calções de praia azuis e brancos; ela omitia a cara com uns óculos de sol que reflectiam a sua personalidade carregada.

16 de fevereiro de 2015

Perdida no mar

Com vagar suficiente até que fervesse a água para o chá de tília, sentou-se na cadeira de baloiço perto da janela e contemplou o azul distante do mar que se emaranhava com o céu. Não conseguia recordar-se da última vez que os seus pés tinham sentido as borbulhas das ondas, e as cócegas que a areia branca lhe provocava eram já uma sensação distante.

4 de fevereiro de 2015

Último Adeus


Tentara adiar visitar a avó, mas naquele dia o pesar no peito fê-la ir ao hospital.

Nunca gostara daqueles sítios a tresandar a desinfetante e repletos de pessoas com a dor a refletir-se em gemidos constantes.

2 de fevereiro de 2015

Acasos

Naquele dia, decidiu vestir uns calções tom de café com leite e uma camisola de alças largas que mostrava provocadoramente o seu sensual ombro tatuado. A pele reflectia o sol que a acompanhara na rua e o chapéu de aba larga igualava o tom vermelho da camisola.

Ela chegou ao café, cuidadosamente descontraída, e sentou-se na mesa do costume a ler as curiosidades do mundo no jornal.

30 de janeiro de 2015

Apesar de tudo, ainda vamos falando

Apesar de tudo, ainda vamos falando, saímos quase todas as semanas, e até vamos namorando, quando o tempo assim nos permite.

Mas nada é como foi um dia. Sabíamos que as circunstâncias nos afastariam inevitavelmente.

29 de janeiro de 2015

Meu amor

Quero pedir-te desculpa.
Quero explicar-te o porquê de por vezes não parecer merecedora do teu amor. Quero fazer-te perceber a pouca lógica que têm muitas das minhas atitudes.

Eu estou doente, é verdade. E estarei doente até ao dia em que deixe de respirar. E sei que a minha dor não é desculpa. Mas não é por estar doente que peço perdão.

28 de janeiro de 2015

Madrugada de inverno


Cheirava a areia molhada. E o ar denso e húmido que lhe cortava o rosto conseguia encaracolar o seu cabelo rebelde.

Os passos eram vazios, ocos, e os braços cambaleavam ao compasso daquela marcha sem sentido, presos pelas mãos enfiadas nos bolsos.

26 de janeiro de 2015

Sacia-me

Tenho sede. Sede dos teus beijos molhados e quentes, com o aroma frutado do chá que te queima a língua.

Tenho fome. Fome das tuas mãos delicadamente rudes que, com tanto cuidado, me agarram a pele suave como algodão.

23 de janeiro de 2015

Escondidos

O bar estava cheio.

O fumo no ar era demasiado denso para permitir que ela o visse bem e a música em decibéis ilegais impedia que ela chamasse por ele sem que parecesse desesperada.

Mas ele viu-a logo. Poderia tê-la avistado a dois quilómetros de distância, e continuaria a saber de cor cada traço dela.